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Faz hoje 3 meses e pouco que um amigo meu morreu, não sei porque sinto a parte dele. continuo a convencer-me que não a devia sentir, porque ele já não existe, é apenas um corpo em decomposição por baixo de terra, num entanto aqui estou eu a pensar no sentido das coisas quando ele já não o pode fazer. pergunto-me se não fosse a nossa necessidade louca e sem fundamento de sentimentos que piada teria viver? depois chego a casa e penso, dói pensar, e reclamo comigo mesmo por o fazer. relembro-me da carta de suicídio de um amigo meu, que me foi enviada no dia da sua morte por ele. e lembro-me da frase "porque sim", foi essa a justificação dele para não valer mais a pena respirar, cedeu ao mundo e à merda que é existir, sujou o chão com o seu sangue, alguém limpou, e nada mais dele existe, sem ser uma memória, obsoleta e fria. coisas que prefiro não relembrar. é quase engraçado o suicídio, como uma pessoa pode querer pôr termo à sua vida. não será essa a derradeira demonstração de poder? decidir quando e porque querer morrer? sim, ele tinha razão em tudo o que disse, aquele covarde que preferiu desaparecer a destruir um pouco mais do mundo. Chora, chora por já não existires, por seres um fracasso, por me teres tirado um amigo, por teres decidido que não valias mais a pena. Ainda bem que tiveste uma decisão apenas tua na tua vida. Hoje vou adormecer, longe da minha mulher, longe dos meus amigos, sozinho numa cama que cheira à minha mulher, vou querer abraçá-la, e vou ser alvo da maior tortura que existe que é querer tocar-lhe e ela estar longe. Mais uma noite, mais um dia perto de ti. meu amigo cadáver. Meu único amigo que algum dia decidiu algo por ele mesmo.
Cumprimentos e um beijo de ódio!